Como a gestão pública eficiente pode transformar os serviços de engenharia no Brasil?

De acordo com Ricardo Chimirri Candia, a infraestrutura é um dos pilares do desenvolvimento econômico e social de qualquer país. No Brasil, onde o déficit em transporte, saneamento básico, energia e habitação ainda é significativo, a importância da engenharia na construção de soluções duradouras é inquestionável.
No entanto, mesmo com avanços técnicos e profissionais qualificados, muitos projetos enfrentam atrasos, superdimensionamento de custos ou falhas na execução. A chave para mudar esse cenário está na gestão pública eficiente, capaz de alinhar planejamento estratégico, recursos humanos e políticas públicas voltadas ao progresso sustentável.
Por que a gestão pública é essencial para a qualidade dos projetos de engenharia?
A relação entre uma boa gestão pública e a qualidade dos serviços de engenharia é direta. Projetos bem planejados, com cronograma realista, orçamento adequado e fiscalização constante tendem a ser mais eficazes e sustentáveis. Ricardo Chimirri Candia frisa que quando há transparência e responsabilidade na administração, aumenta-se a confiança da sociedade e dos investidores, atraindo recursos tanto públicos quanto privados.
Por outro lado, a falta de capacidade gerencial leva à repetição de erros históricos, como obras paralisadas, superfaturamento e má utilização de recursos. Muitas vezes, projetos são iniciados sem estudos técnicos suficientes ou sob pressões políticas imediatistas, comprometendo sua viabilidade técnica e financeira. A engenharia, por si só, não pode resolver problemas estruturais da gestão; ela precisa estar apoiada em instituições sólidas, com autonomia e critérios técnicos claros.
Quais são os principais desafios enfrentados pela engenharia pública brasileira?
Um dos maiores obstáculos à eficiência dos projetos de engenharia no Brasil é a burocracia excessiva e lenta. Processos licitatórios demorados, normas desatualizadas e falta de integração entre órgãos dificultam a agilidade na tomada de decisões. Ricardo Chimirri Candia explica que isso resulta em retrabalho, aumento de custos e perda de oportunidades. Outro problema grave é a falta de planejamento de longo prazo: muitos governos negligenciam projetos estratégicos de manutenção e expansão da infraestrutura.

Ademais, há carência de mão de obra especializada em certas regiões e defasagem nos currículos acadêmicos. A corrupção também permanece como um fator limitante, corroendo a credibilidade das instituições e prejudicando a alocação eficiente de recursos. Para superar esses desafios, é necessário investir em formação profissional, atualização legislativa e mecanismos de controle social que garantam a aplicação ética dos recursos destinados à engenharia pública.
O que pode ser feito para melhorar a gestão dos projetos de engenharia no Brasil?
Segundo Ricardo Chimirri Candia, uma saída promissora é a adoção de metodologias ágeis e sistemas digitais de gestão de obras e contratos. Tecnologias como BIM (Building Information Modeling), inteligência artificial e big data podem otimizar o acompanhamento de projetos, reduzindo riscos e aumentando a produtividade. Além disso, incentivar a participação da iniciativa privada por meio de parcerias público-privadas (PPPs) pode trazer mais eficiência e inovação para a execução de grandes obras.
Outra medida urgente é a criação de carreiras técnicas especializadas na gestão de projetos de engenharia dentro do serviço público. Profissionais capacitados e motivados podem fazer toda a diferença na condução de obras complexas. Também é preciso fortalecer os conselhos de fiscalização profissional e incentivar a transparência através de portais de dados abertos, onde a sociedade possa acompanhar cada etapa da execução de projetos.
Rumo a uma engenharia pública mais eficiente e transformadora
A transformação dos serviços de engenharia no Brasil passa inevitavelmente por uma reformulação da gestão pública. Ricardo Chimirri Candia destaca que investir em liderança técnica, planejamento estratégico e transparência não é apenas uma questão administrativa, mas uma necessidade nacional. Projetos de infraestrutura mal conduzidos afetam milhões de brasileiros, enquanto obras bem executadas geram empregos, inclusão social e crescimento econômico.
O futuro da engenharia brasileira depende, portanto, da capacidade de governos e instituições de aprender com os erros do passado e adotar práticas mais modernas e eficazes. Com compromisso político, rigor técnico e envolvimento da sociedade civil, o país tem potencial para construir uma nova era de desenvolvimento pautada na qualidade, na sustentabilidade e no bem-estar coletivo.
Autor: Pavlova Kuznetsov